A época de “um emprego para a vida” já há muito que terminou.
Hoje, o conceito de emprego está a tornar-se vago e ausente, especialmente no sector privado.
A actual crise económica, derivada da crise financeira global, está a acelerar o processo de transformação do velho paradigma num novo paradigma.
Os indivíduos terão de procurar “trabalho” em vez de “emprego”.
Esta mudança faz lembrar historicamente outros tempos em que na província o trabalho agrícola era dado numa base semanal, de acordo com a sazonalidade e com a necessidade de quem estava do lado da oferta de trabalho.
Talvez não voltemos a esses tempos porque o grosso da actividade económica dos tempos de hoje não têm as variações provocadas pela sazonalidade nem o volume de oferta de trabalho varia de forma tão rápida, à excepção de sectores como o turismo, mas que também agora já sofrem das mesmas causas.
Contudo, para muitas profissões especializadas, como já acontece com os contabilistas, não existirão muitas ofertas de um emprego mas mais ofertas de trabalho. Isto quer dizer, que estes profissionais, irão desempenhar a sua actividade profissional em mais do que uma empresa, possivelmente num número suficiente para ocupar todos os seus dias da semana ou do mês.
Deixarão de ser empregados, passando a ser assessores ou consultores executivos nas empresas, desempenhando a sua especialidade.
Imagine-se para o efeito alguém com formação superior em gestão de recursos humanos, uma das áreas em que as micro e pequenas empresas mais deficitárias estão em termos de recursos próprios, mas que por manifesta falta de suficiente necessidade individual de cada empresa, terá de prestar os seus serviços a várias delas, num regime de avença ou de tarefa.
Assim, para especialistas em áreas do conhecimento, com ou sem necessidade de carteira profissional, a solução não será encontrar um emprego numa dada empresa mas antes procurar empresas que necessitem dos seus serviços, e a quem os prestarão apenas na medida das suas estritas necessidades.
Iremos, dentro de um curto espaço de tempo, ver muitos profissionais em direito, gestão, engenharias, ciências humanas e outras semelhantes a trabalharem como assessores/consultores de empresas e não como empregados das mesmas.
Esta nova realidade vai exigir de cada um destes profissionais um novo esforço. Para se manterem competitivos e justificarem o seu valor terão necessariamente de manter e desenvolver competências, novas e diferenciadas dos demais concorrentes, de maneira a manterem a sua capacidade de angariação e manutenção de trabalho.
Esta situação já é uma realidade para algumas profissões em vários locais no globo.
Temos de nos preparar para a massificação da ideia, ou corremos o risco de perder a relevância e o valor individual para a sociedade.
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Há 12 anos
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