terça-feira, 12 de maio de 2009

PERDA DE ESPERANÇA

Esta notícia pode não ter nada de novo, mas leiam com atenção:
___________________________
Fisco fixa meta de 28 mil penhoras sobre o património dos gestores
Lígia Simões
Diário Económico: 12/05/09 00:05

Estão a ser alvos as contas, imóveis, produtos financeiros e prémios dos administradores de empresas com dívidas fiscais.

A actual conjuntura económica está a levar a um aumento do incumprimento no pagamento das dívidas fiscais. Por arrasto, estão também a disparar os processos contra gestores e administradores, para que estes paguem com o seu património pessoal as dívidas das empresas que administram ou gerem e não foram pagas a tempo e horas (reversão fiscal). Só nos três primeiros meses de 2009, a Administração Fiscal já concretizou cerca de 7.000 penhoras, o que contrasta com uma média trimestral de 4657 no ano passado. E as Finanças antecipam que, a este ritmo, no final do ano será atingido um recorde de penhoras de bens pertencentes a administradores ou gerentes.

"Como o número de reversões irá continuar a aumentar durante o corrente ano, observar-se-á um crescimento superior ao verificado em 2008 no número de penhoras dos bens pertencentes aos gerentes e administradores de empresas", revelou ao Diário Económico fonte oficial do Ministério das Finanças.
___________________________

A questão não é não penalizar os maus gestores que fazem tudo para perverter a verdade e utilizar esquemas para seu benefício. Esses bem merecem o castigo. Nunca poderia pôr em causa essa obrigação do Estado em repor a verdade dos factos.
Mas quando se passa a ter objectivos para o exercício de penhorar bens de gestores a favor do Estado, sabemos que a coisa se perverte por si própria. O que quer dizer que mesmo aqueles gerentes de micro e pequenas empresas que não conseguem sequer tirar o seu salário, quanto mais pagar a SS, o IRS, o IRC e o IVA (muitas vezes porque o Estado lhe deve dinheiro, directa ou indirectamente) vêm os seus parcos bens sofrer arresto para pagar a um Estado que não merece a menor consideração pelos exemplos que dá (olhem só a quantidade de dinheiro que foi “oferecida” ao sistema financeiro, leia-se bancos, a custas dos pagadores de impostos, sem que pareça que alguém dos culpados vá sofrer arrestos sobre os seus bens). Mais, quando o Estado paga reformas chorudas e indemnizações milionárias a quem se demite de cargos públicos, onde desempenhavam funções que nada representam nem nada produzem para o bem público.

Onde é que anda o nosso Presidente da República? Será que o nosso representante supremo não lê os lamentos constantes que vão passando pelos mais diversos fóruns?
Será que todos os que fazem parte do sistema têm orelhas mocas que nada ouvem, olhos cegos que nada vêem e bocas seladas que nada dizem?!
Será que estamos entregues apenas a nós próprios? Será que a democracia só serve para votarmos em alguém que não nos defende nem nunca defenderá? Será a democracia não passa de uma farsa que somente serve as elites?

Então façam com que os empresários desistam de o ser, porque a qualquer momento ficam sem tudo o que a custo conseguiram amealhar, façam com que os jovens deixem de querer ser empreendedores, porque apenas estarão a hipotecar o seu futuro, façam com que os trabalhadores deixem de ter trabalho, porque as empresas irão progressivamente desaparecer por força da desistências de empresários e empreendedores, e depois digam-me, sim, digam-me os políticos onde vão buscar os impostos sobre valor criado para pagar os seus gordos ordenados (quando comparados com o que produzem) e as suas chorudas reformas (oferecidas por nunca terem produzido um cêntimo de valor acrescentado).

Será que não existem já suficientes vozes a reclamar justiça? Será que só com uma revolução alguém dará atenção a este demasiado abuso daqueles que suportam a Estado e a crise?

Começo a perder muita da minha já reduzida esperança.

Sem comentários: