quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Esta é mesmo a "silly season". Ou talvez não...

Então não é que a Ministra da Saúde disse numa conferencia de imprensa que tinha trocado UM MILHÃO de vacinas para a gripe "suína" ("A") por um milhão de vacinas para a gripe normal a fornecer nos próximos três anos gratuitamente a todos os idosos sem posses para as comprar, e referiu com toda a naturalidade que só fez ainda a encomenda para este ano porque no que diz respeitos aos dois próximos anos ainda não se pode encomendar as respectivas vacinas porque não de sabe quais devem ser as mesmas e isso "DEPENDE DE QUEM SÃO OS VÍRUS"!

Fiquei a saber que a encomenda das vacinas têm a ver com "QUEM CRIA OS VÍRUS"!

Contudo não fiquei a saber quanto custou o milhão de vacinas para a gripe "A" que foram devolvidas e quanto custaria o milhão de vacinas para a "gripe normal". Quanto perdemos ou ganhamos com a troca? Pela apresentação parece que foi troca por troca. Terá sido mesmo? Terá sido que não perdemos nada?

Bem, mesmo assim foi melhor do que se perdêssemos tudo, dirão alguns. Pois, mas quem foi que disse que precisávamos de seis milhões de vacinas para a gripe "A"?

Àh, já sei! Foi o laboratório que "criou o gripe A"!

Sendo assim, está tudo explicado!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O CERCO APERTA-SE

Ontem, o Presidente da Republica Checa, durante a visita do nosso Presidente da República aquele país, fora do que seria o normal protocolo nestas situações, fez uma clara crítica ao defit português.

Este comentário, directo e objectivo, pode ser interpretado de várias formas, entre elas a de que os países mais pequenos da Europa Comunitária não estão para pagar a crise dos outros, especialmente daqueles que não se sabem governar.

A Republica Checa está fora da zona Euro, pelo que não sofreu com a impossibilidade de alterar a sua taxa de câmbio como nós.

Mas o problema não está apenas na taxa de câmbio que nós não temos por pertencer à moeda única.

O problema está na despesa pública, na falta de produtividade da nossa economia por força de existência de uma grande percentagem de postos de trabalho que não acrescentam valor à economia, mais especificamente administração central e função pública, no continuado endividamento do país para comprar tudo o que necessita no exterior, desde a energia até à alimentação, nos hábitos consumistas de uma população que não cria valor suficiente para tal, e na falta de recursos, não os naturais porque disso não temos culpa mas dos humanos porque não temos um sistema de ensino e de formação profissional que crie competências técnicas e atitude para com o trabalho e a criação de riqueza.

Este comentário do Presidente Checo vem de encontro a um artigo de Simon Johnson, numa análise realizada para o jornal norte-americano 'New York Times', intitulada "O próximo problema global: Portugal", em que o economista anuncia Portugal como muito próximo da bancarrota, devido à incapacidade dos nossos governantes em perceber a verdadeira dimensão do problema e em atacar o problema da forma correcta – cortar forte e feio na despesa do Estado.

O nosso país tem menos de 50% de população activa, sendo que desempregados, reformados, jovens e outros sem emprego já são a maioria. Dos que trabalham, apenas cerca de 70% acrescentam valor, sendo os restantes funcionários públicos ou similares, não acrescentando directa ou indirectamente qualquer valor à economia.

Isto quer dizer que não ganhamos para o que consumimos. Daí a necessidade de nos termos vindo a endividar nas últimas duas décadas de forma avassaladora para satisfazer as necessidades de consumo de uma população inteira.

Todos sabemos que este esquema não é nem nunca poderá ser sustentável a longo prazo, pela simples razão de que um dia o crédito acaba-se. Acontece isso às famílias, também pode acontecer aos países.

O mais preocupante é que apesar de todos estes sinais de alarme, internos e externos, continuamos com as mesmas políticas.

Assim, o nosso futuro só pode correr mal.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

NO PAÍS DA SUCATA

O “Caso da Sucata” surgiu como mais uma de entre muitas e comuns manobras de influência em Portugal (vulgo “cunhas” pagas a bom preço).

Não fosse o caso de estar envolvido alguém que já no passado tinha tido algumas indicações de comportamentos alegadamente menos correctos e de esse alguém ainda ser amigo íntimo do actual PM, individualidade que tem sido mencionada também ela alegadamente envolvida em casos que deixam algumas dúvidas quanto à sua clareza e legalidade, e o caso da “sucata” não teria dado em nada, ou apenas algumas chatices a um dado senhor que também alegadamente terá enriquecido à custa de expedientes menos legais.

Porém, e mesmo sem que as escutas tenham sido utilizadas para o propósito, são os despachos das entidades judiciárias que acabam por evidenciar algo bem mais ilegal do que os favores económicos ou de influência.

A tentativa de domínio de um órgão de comunicação social por parte de quem desempenha um alto cargo público, eleito politicamente, é por demais um abuso da honra e dignidade de um povo.

Se um determinado empresário combina manobras de bastidores para conseguir a compra de uma dada empresa, cotada ou não em bolsa, se o mesmo empresário tenta fundir uma sua empresa com outra que é parcialmente detida pelo Estado e o resto por privados, ou ainda se lança uma OPA sobre uma empresa pública ou privada, poderemos criticar a sua ética, a sua forma de actuar, a sua transparência nos negócios, mas não o podemos incriminar de nos ter traído.

Porém, quando um alto dignitário político, eleito pelo Povo, dentro de um sistema democrático, abusa da sua condição de representante desse mesmo povo, ou de parte do dito, e tenta tirar partido da sua posição para seu próprio proveito, com base no poder que o seu cargo politico lhe aufere, então teremos um grave problema de credibilidade, de honorabilidade e de ética.

Quando assim é, quando se vê nos “media” constantes alusões a abusos de poder, a manobras sancionárias de comportamentos contrários ao “regime”, a censuras veladas sobre determinadas informações e se nota uma clara atitude de manobra da informação, então teremos de nos questionar onde estão os valores que se conquistaram há mais de trinta anos com a mudança de “regime”?

As memorias são curtas e a história repete-se, infelizmente, muito mais amiúde do que alguns de nós gostaríamos de ver, e de sentir!

Da parte que me toca, as esperanças são cada vez mais limitadas.