sábado, 6 de fevereiro de 2010

NO PAÍS DA SUCATA

O “Caso da Sucata” surgiu como mais uma de entre muitas e comuns manobras de influência em Portugal (vulgo “cunhas” pagas a bom preço).

Não fosse o caso de estar envolvido alguém que já no passado tinha tido algumas indicações de comportamentos alegadamente menos correctos e de esse alguém ainda ser amigo íntimo do actual PM, individualidade que tem sido mencionada também ela alegadamente envolvida em casos que deixam algumas dúvidas quanto à sua clareza e legalidade, e o caso da “sucata” não teria dado em nada, ou apenas algumas chatices a um dado senhor que também alegadamente terá enriquecido à custa de expedientes menos legais.

Porém, e mesmo sem que as escutas tenham sido utilizadas para o propósito, são os despachos das entidades judiciárias que acabam por evidenciar algo bem mais ilegal do que os favores económicos ou de influência.

A tentativa de domínio de um órgão de comunicação social por parte de quem desempenha um alto cargo público, eleito politicamente, é por demais um abuso da honra e dignidade de um povo.

Se um determinado empresário combina manobras de bastidores para conseguir a compra de uma dada empresa, cotada ou não em bolsa, se o mesmo empresário tenta fundir uma sua empresa com outra que é parcialmente detida pelo Estado e o resto por privados, ou ainda se lança uma OPA sobre uma empresa pública ou privada, poderemos criticar a sua ética, a sua forma de actuar, a sua transparência nos negócios, mas não o podemos incriminar de nos ter traído.

Porém, quando um alto dignitário político, eleito pelo Povo, dentro de um sistema democrático, abusa da sua condição de representante desse mesmo povo, ou de parte do dito, e tenta tirar partido da sua posição para seu próprio proveito, com base no poder que o seu cargo politico lhe aufere, então teremos um grave problema de credibilidade, de honorabilidade e de ética.

Quando assim é, quando se vê nos “media” constantes alusões a abusos de poder, a manobras sancionárias de comportamentos contrários ao “regime”, a censuras veladas sobre determinadas informações e se nota uma clara atitude de manobra da informação, então teremos de nos questionar onde estão os valores que se conquistaram há mais de trinta anos com a mudança de “regime”?

As memorias são curtas e a história repete-se, infelizmente, muito mais amiúde do que alguns de nós gostaríamos de ver, e de sentir!

Da parte que me toca, as esperanças são cada vez mais limitadas.