No telejornal da SIC apresentou-se hoje (2008-03-04) uma peça que retractava o estado dos desempregados em Portugal.
Só vendo, porque nunca conseguirei transmitir o que senti depois deste documentário.
Ao ver a peça que apresentava um conjunto de pessoas que mal conseguem viver e que não conseguem encontrar trabalho, consegui imaginar a satisfação que estes factos podem dar a um conjunto de indivíduos que no conforto dos seus espaços estravagantemente decorados observaram o mesmo com um profundo sorriso, apesar das perdas que a crise financeira lhes acabou de infringir nos últimos tempos.
Continuo a questionar-me a mim próprio como é que as “pessoas” (de bem e inteligentes) não percebem o que se está a passar à nossa volta.
Voltamos ao tempo da escravatura.
Quando um licenciado tem de trabalhar por setecentos euros mensais, para não falar do salário dos menos qualificados, estamos na presença de uma desgraça anunciada.
O facto é que quem paga setecentos euros a um jovem licenciado no seu primeiro emprego está apenas a satisfazer a “fome” interminável que os “senhores do mundo” têm pelo trabalho de escravo. E nunca a situação foi tão propícia a que tal se venha a tornar no padrão geral.
A crise veio financeira, que ainda não bateu no fundo, que provocou a crise económica que já vivemos, não fez mais do que reduzir o “valor” que cada um de nós possuía uns tempos atrás.
Vejamos de forma simples. Para um trabalhador normal que pagava o empréstimo da sua casa, do seu carro, de alguns electrodomésticos e ainda chegava para educar um ou dois filhos, a crise veio acabar com todo esse sonho. Perdeu, ou há-de perder, tudo aquilo para que lutou e deu o seu suor. Mas para quem tinha biliões a crise não foi, aparentemente, menos simpática. Hoje vê a sua fortuna reduzida a menos de metade.
Aqui é que reside a questão. O pobre perdeu, ou há-de perder tudo. O extremamente rico perdeu metade, sendo que a metade que ainda retém é algo que o pobre nunca conseguiria pensar em vir a possuir. Mais, na comparação relativa, a diferença agora é muito maior, porque qualquer coisa comparada com “nada” é sempre muito mais favorável.
Isto quer dizer que os ricos ficaram mais ricos e os pobres, e a classe média, ficaram agora pura e simplesmente miseráveis.
Mas pior que tudo, o que possui o capital agora está em condição de discutir o “preço” do miserável.
Esta clarividência surgiu-me na minha primeira viagem à Índia. Alguém me disse que tinha sete empregados e que só num país como a Índia isto era possível. Para além do tremendo respeito que fiquei a ter pela riquíssima cultura que a Índia possui como a mais antiga civilização do mundo, fiquei também a compreender ao que o desenvolvimento da sociedade e “civilização” pode levar: à criação de “castas” humanas.
Será que ninguém ainda percebeu que isto é apenas uma manobra de diversão?!
Estão a tornar-nos em escravos.
O próximo passo é termos um Chip nas costas para que, alegadamente, estejamos protegidos dos bandidos, ou dos extra-terrestres, porque esta também poderá ser uma boa razão para aumentar o nosso grau de escravidão.
Felizes dos ignorantes…