domingo, 10 de maio de 2009

UM MUNDO DE DESIGUALDADES

Recebi recentemente um email de um amigo que tenta demonstrar a dimensão do problema em que estamos metidos.
Os EUA e os países Europeus e Asiáticos enfiaram na economia (sistema financeiro) mais de mil biliões de dolars.Se alguém tiver os números certos, eu agradeço que me enviem os mesmos, para poder actualizar os cálculos que todos necessitamos de fazer para ver a verdadeira dimensão do problema.
Mas vamo-nos apenas restringir ao caso Português e do BPN.O Estado Português entrou inicialmente com 700 milhões de euros para salvar o referido banco. Aparentemente a Caixa já teve de entrar com mais 500 milhões (alguém pode confirmar estes números, por favor?)Assim, temos que para salvar o BNP (se não for ainda necessário mais dinheiro) já foram usados mil e duzento milhões de euros, que o Estado Português garantiu ao assumir dívida pública, que vai custar juros a taxas agora menos convidativas porque o nosso rating piorou.Sabendo que somos 10 milhões de habitantes, a nossa participação individual para salvar o BPN será de 120 euros. Como metade da população não trabalha, os que o fazem terão de pagar então 240 euros. Como cerca de metade da população activa pouco mais ganha do que o salário mínimo, pouco poderão contribuir para o pagamento desta dívida (não se consegue tirar nada de aonde já há pouco). Ora vai cair sobre os que ganham mais a dolorosa factura, que calculada a "olho" já ascende a cerca de 500 euros. Este é o valor que aproximadamente 2,5 milhões de portugueses vai ter de pagar pela "salvação" do BPN.
Em Espanha o Estado entrou com 30 biliões de euros para salvar a banca: eles são 46 milhões, o que dá 650 euros a cada espanhol. Neste caso, o dos espanhóis, até apetece dizer: OlÉ! grande faena com direito a 2 orelhas e rabo! Porque quando eles começarem a retirar os não activos, desempregados e activos com mais baixos rendimentos, a factura deverá subir para cerca de 2500 euros para cada um daqueles que efectivamente vai pagar a crise.
E agora quem são os sortudos que terão de pagar a crise? A quem é que a factura vai bater à porta? A resposta, como não poderia deixar de ser, é a classe média, claro.
Assim, preparemo-nos para prescindir de uma das férias que estavamos a planear para este ou próximo ano, porque vamos ter de tapar o buraco criado (e o pior é que foi gozado em bons hoteis e outros divertimentos) por uns senhores que se limitaram a roubar legalmente o que é dos outros. Agora vem o Estado e "retira-nos" sem nossa autorização, o mesmo valor para pagar a conta que alguém deixou por pagar.
O conceito de "ladrão" que os nossos avós nos ensinaram está a sofrer uma forte alteração no seu significado e contexto de aplicação. Retirar algo a alguém porque se é necessitado pode até ser considerado como "não roubo". Retirar dinheiro aos contribuintes para pagar as dívidas de gestores também não é visto como roubo. Mas não pagar a Segurança Social ou IRC é um roubo que dá prisão, se não existirem bens para arresto aos administradores e gerentes, mesmo que a causa tenha sido a crise que os tais senhores que se "abotoaram com a guita" criaram para seu exclusivo prazer e benefício.
Efectivamente vivemos num mundo de desigualdades.

1 comentário:

FPtrad disse...

Olá Manuel,

Ao ler o teu texto, vem-me uma pergunta à cabeça: quem é que vai salvar-nos, a nós que temos de tapar o buraco?

Beijinhos!
Calra