A natureza é, por defeito, perfeita. Assim, tudo o que
existe tem um propósito ou razão de ser. Tudo o que compõe a natureza faz parte
de um enorme processo contínuo, auto suficiente, que, se não existirem
elementos estranhos, mantém a sua inércia infinitamente.
Porém, existe algo na natureza que
me intriga em termos de definição da sua razão para existir. Refiro-me aos
vírus. Todos sabemos que o vírus é algo que destrui o hospedeiro, levando isso
também à sua própria destruição. Alguém me dizia, que se reproduzem para manter
a espécie. Isso passa-se com todos os seres vivos. Mas enquanto a maioria dos
seres que nós conhecemos, especialmente os animais, apenas matam para manter a
vida e consequentemente a espécie, os vírus destruem o hospedeiro por completo.
A explicação para tal compete a essa disciplina a que chamamos “ciências da
natureza” e que não é nosso propósito aqui discutir. O que pretendemos é
transportar a analogia para a nossa vida em sociedade.
É-me extremamente difícil
compreender como a sociedade aceita e convive tranquilamente com uma variada
quantidade de comportamentos virulentos, nos mais diversos estratos da sua
organização estruturada. Sabemos que os comportamentos são reflexos das atitudes.
Por sua vez, estas fundamentam-se em crenças e valores. Ora, se estes estão mal
definidos, pelo menos de acordo com padrões que são sinónimos de humanismo e
democracia, então não se pode esperar outra coisa dos comportamentos que não
reflexos de virulismo e parasitismo.
O pior é que, certos agentes virais
têm a capacidade de iludir e manipular os hospedeiros, fazendo estes crerem no
seu bem estar (aparente) e na solidez do seu futuro. Quais hipnotizadores, usam
de manha, sofisma e mentira para criar realidades virtuais que, após o seu
desmoronamento, colocam os hospedeiros perante realidades problemáticas e, por
vezes, fatais.
A nossa sociedade, e por tabela, a
governação, a administração pública, as organizações e as empresas estão
contaminadas com uma tal quantidade destes vírus que não existem antídotos que
resultem a curto prazo. Teremos de combater os vírus usando os seus próprios
processos. Fogo com fogo se combate. Vamos ter que os contaminar com doses
extra de valores, crenças e atitudes que os levem a alterar os seus actuais
comportamentos. Esta batalha não vai ser fácil, porque estamos a falar de
pessoas e de emoções, e como tal, fáceis de influenciar e manipular para o mal,
difíceis de fazer mudar para o bem (dependendo dos padrões). Voltamos de novo à
eterna guerra entre o bem e o mal, o seu equilíbrio e a razão da sua
existência... estamos tramados!
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