terça-feira, 8 de maio de 2012
A teoria do "virus"
terça-feira, 17 de abril de 2012
Empreendedorismo? Mas como?
A crise que atravessamos actualmente em Portugal, não se limita a ser apenas económica e financeira, mas ultrapassa já os âmbitos sociais, culturais e educacionais.
Apontado como uma possível solução para parte do flagelo social que é o desemprego, e até com potencial para diminuir os efeitos negativos no campo económico que se fazem actualmente sentir, o “empreendedorismo” surge nos discursos de políticos, académicos, agentes associativos e sindicais, fazedores de opinião e comentadores como uma das soluções.
Mas surge sempre descontextualizado. Por várias razões, o empreendedorismo é colocado de forma autónoma como uma solução, ignorando as causas que estão por detrás de tão pouco empreendedorismo nacional. Entre as muitas que existem, que não tentarei enumerar até à exaustão, apontarei as seguintes razões que nos levam a ser tão pouco empreendedores.
O sistema de ensino, em toda a sua extensão, não cria em nós a vontade de empreender, criar, inventar, sermos autónomo, livre para traçar o nosso próprio destino pessoal e profissional. Antes, incute nos jovens a vontade na dependência do Estado ou noutros, o acreditar que temos direitos, sem deveres, que a vida é fácil, começando pela não existência de uma avaliação objectiva e real das competências e mérito de cada um. Da mesma forma, não ensina os jovens a planear, controlar, a agir, a tomar decisões, em suma, a serem gestores.
O contexto que se apresenta aos potenciais empreendedores é por si desmotivador de qualquer acção empreendedora. A burocracia do Estado, o acesso à informação, à justiça, ao licenciamento, ao financiamento, bem como os custos com energia, e o código laboral, leva qualquer individuo com pretensões a ser empreendedor a não se aventurar em tal empreitada.
A falta de capacidade financeira de quem por ventura tenha ideias passíveis de se tornarem em negócios de sucesso, bem como o difícil, senão impossível, acesso ao financiamento, tradicional ou mais inovador, impossibilita o avanço da maioria dos potenciais empreendedores que possam existir.
Finalmente, de entre as mais importantes causas do não-empreendedorismo, surge aquela que mais indivíduos retira do caminho de uma vida profissional como empreendedor ou empresário: a ditadura fiscal. Devido às actuais leis, que transferem para os gerentes e administradores das empresas toda a responsabilidade fiscal, mesmo que comprovadamente não exista culpa que possa ser atribuída, leva a que qualquer pacato cidadão, com a mais criativa e genial ideia de produto ou negócio, deixe de entrar no mundo empresarial.
Com estas condições, não é de admirar que não haja empreendedores em Portugal. Há funcionários públicos e empregados.
Mas, assim quem é que vai criar valor para sustentar a economia?
Aparentemente, muito poucos ou mesmo ninguém.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
sexta-feira, 16 de abril de 2010
O CERCO APERTA-SE
Ontem, o Presidente da Republica Checa, durante a visita do nosso Presidente da República aquele país, fora do que seria o normal protocolo nestas situações, fez uma clara crítica ao defit português.
Este comentário, directo e objectivo, pode ser interpretado de várias formas, entre elas a de que os países mais pequenos da Europa Comunitária não estão para pagar a crise dos outros, especialmente daqueles que não se sabem governar.
A Republica Checa está fora da zona Euro, pelo que não sofreu com a impossibilidade de alterar a sua taxa de câmbio como nós.
Mas o problema não está apenas na taxa de câmbio que nós não temos por pertencer à moeda única.
O problema está na despesa pública, na falta de produtividade da nossa economia por força de existência de uma grande percentagem de postos de trabalho que não acrescentam valor à economia, mais especificamente administração central e função pública, no continuado endividamento do país para comprar tudo o que necessita no exterior, desde a energia até à alimentação, nos hábitos consumistas de uma população que não cria valor suficiente para tal, e na falta de recursos, não os naturais porque disso não temos culpa mas dos humanos porque não temos um sistema de ensino e de formação profissional que crie competências técnicas e atitude para com o trabalho e a criação de riqueza.
Este comentário do Presidente Checo vem de encontro a um artigo de Simon Johnson, numa análise realizada para o jornal norte-americano 'New York Times', intitulada "O próximo problema global: Portugal", em que o economista anuncia Portugal como muito próximo da bancarrota, devido à incapacidade dos nossos governantes em perceber a verdadeira dimensão do problema e em atacar o problema da forma correcta – cortar forte e feio na despesa do Estado.
O nosso país tem menos de 50% de população activa, sendo que desempregados, reformados, jovens e outros sem emprego já são a maioria. Dos que trabalham, apenas cerca de 70% acrescentam valor, sendo os restantes funcionários públicos ou similares, não acrescentando directa ou indirectamente qualquer valor à economia.
Isto quer dizer que não ganhamos para o que consumimos. Daí a necessidade de nos termos vindo a endividar nas últimas duas décadas de forma avassaladora para satisfazer as necessidades de consumo de uma população inteira.
Todos sabemos que este esquema não é nem nunca poderá ser sustentável a longo prazo, pela simples razão de que um dia o crédito acaba-se. Acontece isso às famílias, também pode acontecer aos países.
O mais preocupante é que apesar de todos estes sinais de alarme, internos e externos, continuamos com as mesmas políticas.
Assim, o nosso futuro só pode correr mal.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
NO PAÍS DA SUCATA
O “Caso da Sucata” surgiu como mais uma de entre muitas e comuns manobras de influência em Portugal (vulgo “cunhas” pagas a bom preço).
Não fosse o caso de estar envolvido alguém que já no passado tinha tido algumas indicações de comportamentos alegadamente menos correctos e de esse alguém ainda ser amigo íntimo do actual PM, individualidade que tem sido mencionada também ela alegadamente envolvida em casos que deixam algumas dúvidas quanto à sua clareza e legalidade, e o caso da “sucata” não teria dado em nada, ou apenas algumas chatices a um dado senhor que também alegadamente terá enriquecido à custa de expedientes menos legais.
Porém, e mesmo sem que as escutas tenham sido utilizadas para o propósito, são os despachos das entidades judiciárias que acabam por evidenciar algo bem mais ilegal do que os favores económicos ou de influência.
A tentativa de domínio de um órgão de comunicação social por parte de quem desempenha um alto cargo público, eleito politicamente, é por demais um abuso da honra e dignidade de um povo.
Se um determinado empresário combina manobras de bastidores para conseguir a compra de uma dada empresa, cotada ou não em bolsa, se o mesmo empresário tenta fundir uma sua empresa com outra que é parcialmente detida pelo Estado e o resto por privados, ou ainda se lança uma OPA sobre uma empresa pública ou privada, poderemos criticar a sua ética, a sua forma de actuar, a sua transparência nos negócios, mas não o podemos incriminar de nos ter traído.
Porém, quando um alto dignitário político, eleito pelo Povo, dentro de um sistema democrático, abusa da sua condição de representante desse mesmo povo, ou de parte do dito, e tenta tirar partido da sua posição para seu próprio proveito, com base no poder que o seu cargo politico lhe aufere, então teremos um grave problema de credibilidade, de honorabilidade e de ética.
Quando assim é, quando se vê nos “media” constantes alusões a abusos de poder, a manobras sancionárias de comportamentos contrários ao “regime”, a censuras veladas sobre determinadas informações e se nota uma clara atitude de manobra da informação, então teremos de nos questionar onde estão os valores que se conquistaram há mais de trinta anos com a mudança de “regime”?
As memorias são curtas e a história repete-se, infelizmente, muito mais amiúde do que alguns de nós gostaríamos de ver, e de sentir!
Da parte que me toca, as esperanças são cada vez mais limitadas.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
PRODUTIVIDADE – uma medida.
A questão da produtividade continua a ser recorrente num contexto de crise económica e financeira que penaliza a economia dos países menos competitivos. Convém, assim, perceber este fenómeno.
Em termos micro, ou seja ao nível das empresas, a produtividade, de acordo com diferentes autores, é medida de várias formas, como pelas equações: “proveitos” sobre “custos”; “volume de vendas” sobre “número de RH” e “valor acrescentado bruto” (VAB) sobre “número de RH”, entre outras.
A primeira dá-nos a relação directa entre outputs e inputs, ou seja, o rácio de “valor” criado ou acrescentado por unidade monetária, gerado pela actividade produtiva, a segunda equação dá-nos o volume de vendas per capita e a terceira o valor acrescentado per capita.
Todos estes rácios são afectados por factores como:
- sistema organizacional e de gestão, nomeadamente na definição dos processos produtivos e de suporte da cadeia de valor da organização;
- competências humanas, relacionadas com os conhecimentos e experiência que cada trabalhador detém relacionados com as suas tarefas e funções, tanto nas actividade produtivas como de suporte da cadeia de valor;
- capacidade de produção dos equipamentos, especialmente nas áreas produtiva e da logística em que a tecnologia desempenha especial papel;
- capacidade de análise e transmissão da informação, nomeadamente na componentes hard e soft dos sistemas TIC ;
- rendimento das matérias primas, principalmente a qualidade das mesmas e a sua adequação ao propósito;
- externalidade, nomeadamente as leis laborais e outras bem como o contexto socioeconómico, que afectam o rendimento dos recursos utilizados, sejam eles humanos ou materiais.
Em termos macro, ou seja ao nível do país, a produtividade costuma ser medida de várias formas, conforme os autores: “produto interno bruto” sobre “população total” ou “população activa” e “valor acrescentado total” sobre “população total” ou “população activa”, entre outras.
A primeira formula dá-nos o rácio de valor acrescentado per capita total ou activo e o segundo o valor produzido per capita total ou activo.
Estes rácios são afectados por factores como:
- produto interno bruto, medido pelo total da produção de valor que o país atinge, que depende da capacidade produtiva e de criação de valor do tecido empresarial privado e público;
- valor acrescentado total, ou seja a capacidade da economia em criar ou acrescentar valor, nomeadamente pelo tecido empresarial privado e público;
- total da população existente, sendo que toda a população é considerada para efeito da determinação do rácio, independentemente da sua condição produtiva;
- total da população activa existente, em que apenas a população activa ou em condições de actividade, entenda-se desempregados em idade activa, são considerados para efeitos do rácio, sendo que desta população activa consta toda aquela que desenvolve actividade, seja ela considerada ou não como criadora de valor;
Como podemos facilmente depreender, a economia de um país depende do tecido empresarial, público e privado, expresso na sua capacidade de criar e acrescentar valor, e da governação do mesmo país no desenvolvimento de politicas que diminuam os efeitos negativos das externalidades (ambiente externo às empresa que é o mesmo que o ambiente interno do país), do peso da máquina do Estado bem como da sua capacidade na criação de politicas a acções externas, comerciais e outras, que facilitem o desenvolvimento da economia interna.
Com base nestes princípios, não será difícil, tanto a nível micro como macro, desenvolver as políticas mais adequadas e os necessários planos de acção para que a produtividade, micro e macro, possa subir.
Então, porque continuamos a ser um dos piores países da Europa no que se refere a produtividade?
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
OS NOVOS ROMANOS
Passei por Roma num destes dias. Roma, sob o aspecto humano, continua como há 2000 mil anos.
A diferença está só nos adereços. As pessoas podem ser outras, mas continuam a ser Romanos. Os novos Senadores, Centuriões e outros proeminentes elementos do Estado estão bem presentes em qualquer sítio. Os Artífices são hoje homens de negócio, donos de empresas ou gestores de topo. Os escravos são os trabalhadores nas fábricas, nos quiosques, nos restaurantes e cafés e nos escritórios. Até o gladiador está bem presente no desporto e nas actividades afins. Roma continua viva!
Não fosse a electricidade e as vestes de hoje, e estaríamos a viver dois mil anos atrás. É impressionante como estas figuras estão tão presentes para o observador atento que se senta na esplanada do café ou na sala de um restaurante, enquanto degusta um “expresso curto” ou uma “pizza margaritta”.
Os actores são outros. O cenário é mais moderno. Os sistema está ajustado. Mas o enredo é o mesmo! Pouco mudou!
Se encontrasse César num parada de rua, na sua quadrilha dourada e escoltado pela centúria não ficaria nada surpreendido. Dois mil anos não chegaram para fazer um “homem novo”.