sábado, 24 de janeiro de 2009

ONDE PODE FALHAR O POPH

Já era de esperar!
Com o actual programa do QREN e, consequentemente, do POPH, foi estabelecido que a prioridade maior em termos de formação profissional deveria incidir sobre a qualificação da população nacional, de forma a que nos pudéssemos aproximar da média de qualificações da U.E.
Assim, o grosso da coluna do financiamento comunitário, apoiado em menor parte pelo Orçamento de Estado Português, vai para a qualificação dos recursos humanos nacionais, no pressuposto que a obtenção do nível escolar correspondente ao 9º ou 12ºano de escolaridade nos irá dar mais competitividade a nível internacional.
Este propósito, de cariz essencialmente político, assenta no pressuposto de que a população activa terá melhor desempenho quanto maiores forem as suas competências. Todos entendemos que o aumento de competências humanas leva naturalmente a uma maior produtividade e eficiência. Contudo, um processo de qualificação pode não implicar necessariamente o aumento de competências.
Um diploma qualificante deveria, em princípio, significar a aquisição de uma determinada competência. Infelizmente, todos sabemos que não acontece assim, nem sendo necessário dar exemplos.
Isto para dizer que o facto de um determinado individuo possuir o certificado do 9º ou 12º ano de escolaridade tal não lhe confere nenhuma competência extra que lhe permita desempenhar melhor a sua actual ou nova actividade ou função.
Mas, mais importante ainda para os visados, a qualificação do 9º ou 12º ano de escolaridade não atribui a ninguém a melhoria automática dos seus actuais honorários.
Isto prenuncia que muito pouca gente estará interessada em adquirir qualificações que não tragam como retorno qualquer benefício monetário, por mais diminuto que seja o esforço envolvido para o efeito.
Desta forma, o programa POPH está com dificuldades em cumprir a taxa de execução a que se propôs.
Naturalmente que as pessoas, porque se trata de pessoas e não de objectos políticos, não estão na sua grande maioria interessadas em dispensar tempo da sua vida familiar e social para o dedicarem ao processo de aprendizagem, quando necessário, para a obtenção de uma qualificação mais elevada.
O operário agrícola ou industrial, de limpeza ou comércio, qualquer que seja a sua actividade profissional estará muito pouco predisposto a investir esforço próprio na sua formação profissional a não ser que a mesmo lhe venha a proporcionar algum tipo de melhoria para si próprio, especialmente de carácter retributivo.
Esta expectativa é natural e legítima.
O problema, não identificado a priori, é que muito pouca gente terá a predisposição para despender o seu tempo pessoal e familiar para adquirir qualificações que de nada lhe servem.
Apenas o objectivo político não é suficiente para mobilizar os cidadãos a embarcar numa campanha nacional que tenha como finalidade quase única a melhoria das estatísticas nacionais.
O país continua na mesma. As pessoas continuam sem competências, mesmo que tenham novas qualificações. A produtividade não melhorou, apesar do investimento feito e ainda a fazer. A competitividade nacional não se alterou, apesar da pretensa melhoria.
Está para provar o impacto que o investimento terá na economia real!
Talvez se venha a demonstrar que os pobres estarão ainda mais pobres no final deste processo.

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